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domingo, 5 de julho de 2009

Os contos de Acer - Capítulo 2 - A Ponte - Parte 2

> Capítulo 2 - A Ponte – parte 2 <


Medindo quase 3 metros e olhos escuros como a noite o Troll parecia não intender porque o pequeno homenzinho havia parado em sua frente, mas a possibilidade de uma refeição de carne humana fez surgir um sorriso macabro e febril na face desconfigurada da criatura. Com marcas e cicatrizes por todo o corpo, braços desproporcionais e uma cabeça minúscula para um corpo tão grande o gigante começou a andar em direção ao seu almoço.

Ainda quando muito criança Acer participou de algumas caçadas na floresta com os homens mais velhos da aldeia. Basicamente sabia como se defender e lutar com criaturas da floresta. Alguns anos antes esteve frente a frente com um Orc-montanhês perdido nas redondezas da vila. Havia estado tão perto de morrer naquele dia. Teve sorte de Mahrin estar junto e golpeou o Orc antes que o mesmo pudesse mata-lo. Mas nunca havia combatido um Troll e neste momento seu corpo ainda não estava 100% recuperado da derrota para o futuro Rei Phork. Seu corpo começou a tremer de medo e estava seriamente pensando em fujir, voltar para a aldeia.


Mas do fundo de seu coração, um sentimento forte explodiu. Não podia voltar, não podia desistir. Seu destino era importante de mais para simplesmente largar tudo e voltar. Sua amada estava em perigo, seu amor estava em prova. Sem nem mesmo perceber sua mão puxou a adaga de sua cintura e com um grande grito de fúria deu um pulo em direção a criatura.


O Troll se assustou com o ato inesperado do pequenino, não teve tempo para reagir e sentiu seu braço esquerdo flamejar de dor com a apunhalada de Acer. Imediatamente recuperado do susto e agora mais furioso do que nunca investiu seus braços com intenção de esmagar a cabeça de Acer.

Por pouco, desviando-se no último momento quase que por sorte, Acer teve sua morte adiada. Mas sem nem ter percebido de onde veio o outro golpe foi atingido com uma força enorme no estômago, foi jogado metros longe da ponte, atordoado. Tentou erguer-se mas sua perna não o ajudou, parecia quebrada. O gigante Troll estava vindo em sua direção. Apoio-se em uma pequena árvore ao seu lado e levantou-se. Empunhou sua pequena adaga e planejou desesperadamente um ataque em direção a garganta da criatura. Sua única chance.


Cambaleando e sentindo muita dor reuniu todas as forças e lançou seu último golpe. Sua adaga foi na direção certa. O Troll estava com a guarda baixa e a lâmina cortou seu pescoço enorme, mas não o suficiente. Dessa vez Acer não pode nem pensar em se defender que foi jogado como um galho e caiu indefeso no chão. O Troll se aproximou, pegou uma enorme pedra do chão e ergueu-a acima da cabeça pronto para esmagá-lo. Acer mais uma vez ergueu sua pequena adaga, não iria se entregar, mesmo com a morte tão próxima. Olhou para a criatura e de repente, como mágica, o céu foi coberto de vermelho. Havia sangue por todos os lados.


> Próximo capítulo – A travessia <


quarta-feira, 1 de julho de 2009

Os contos de Acer - Capítulo 2 - A Ponte - Parte 1

> Capítulo 2 - A Ponte – Parte 1 <

O sentimento de derrota e angústia esmagavam o coração de Acer enquanto fazia os preparativos para a viagem. Mesmo com a casa vazia ainda podia sentir o doce cheiro de Mahrin no ar. Os aposentos, agora sem vida, não pareciam os mesmos onde ambos haviam compartilhado momentos felizes.


Pegou uma pequena adaga, um mapa feito de pele de coelho de todo o reino e suprimentos para um mês de viagem. Agora estava pronto e nada o impedia. Deu um último olhar pela janela onde normalmente via Mahrin sorrindo em sua direção e se foi.


Sua habilidade com armas não estava a altura do raptor de Mahrin e por isso precisava de ajuda. Seu rumo era ao norte, depois do Vale de Gorloh no abismo de Suk onde morava o Mestre Dronas. Um guerreiro lendário e digno de canções feitas por mil bardos e trovadores. Suas esperanças estavam nas mãos do Mestre.


Sua caminhada iniciou e o ar gelado da manhã batia em seu rosto enquanto passava pelos limites do vilarejo. A briza leve impedia uma visão completa das cabanas ao seu redor. Ficou feliz pois não queria de ter de olhar para nenhuma delas.


Prosseguiu pela estrada por quase todo o dia até que decidiu entrar na mata, traçando uma linha reta ao seu destino. A mata densa impedia que percorresse o caminho mais rapidamente e logo teve que parar para dormir, a noite chegara. Por três dias atravessou pelas árvores até chegar na borda do enorme rio Millo. Caminhou apresadamente em rumo a ponte, sabia que do outro lado haviam arvores frutíferas e poderia se alimentar. Começou a atravessar a ponte quando encontrou um Troll parado e olhando em sua direção.


Estava tão compenetrado pensando nas frutas do outro lado que nem percebeu a presença tão hostil quanto a de um Troll. Agora em seu estado de alerta não podia compreender como não pode notar o monstruoso animal em seu caminho ou seu cheiro azedo a distancia.


Não havia para onde fujir. Estavam um de frente para o outro, em cima da ponte.


>>Continua<<