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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Série Contos da Vida Animal 03 - O tremor da árvore

O passarinho, apresado e decidido, estava pronto a procurar por uma nova casa após uma tempestade. Era uma manhã calma e uma briza vinha pelo lado leste da montanha. O passarinho sentia frio e suas penas estavam todas arrepiadas. Na noite anterior uma inesperada chuva leve se tornou um temor para todos os animais na floresta que foram pegos de surpresa, o chão tremia enquanto a tempestade aumentava, o cheiro de terra molhada se transformou num gosto estranho de lama na boca. O passarinho que havia uma pequena casa de palha debaixo de um galho robusto e curvo, perdera tudo durante a chuva e agora estava acordado e pronto a achar seu novo lar pois sabia que por mais que o galho houvesse lhe protegido fielmente durante a impetuosa tempestade de nada adiantava agora.

Seu coração estava cansado de tamanho o medo que sentira na noite que passou. A cada batida de asas que dava podia ainda sentir seus pequenos músculos ainda rígidos de tanto tremer aos passos dos trovões e tempestade que havia passado.

Não muito distante, no alto da colina em frente a um lindo lago azul que refletia o sol da manhã havia uma triste arvore solitária. Seus galhos curvos em ângulos estranhos e folhas secas, apesar de ser plena primavera, chamaram a atenção do passarinho.

A alegria do passarinho diminuiu ao chegar perto da arvore e perceber que alem de solitária ela estava quase morrendo.

A arvore num tom gélido e triste que ecoou no coração alegre do passarinho deu um oi tímido e continuou:

“O que fazes aqui pequeno passarinho?”

Terminou diminuindo tanto a voz que o passarinho mal pode escutar o que a arvore falou, e mesmo tendo parado de falar seus galhos ressonavam uma vibração crepitante que incomodou o passarinho que agora não se sentia nada alegre e confiante. Sentiu que logo deveria partir.

“Estou a procurar uma nova casa, um lugar seguro” respondeu “mas aqui não é o lugar já vou indo e deixarei você voltar a sua calma” Apressou a dizer.

A arvore sacudiu os galhos e tremeu ao falar:

“Não vá passarinho, não me deixe só” O som veio num choro que a muito estava escondido.

“Mas senhora arvore, eu preciso achar um lugar seguro para viver, um lugar que vá me proteger durante uma tempestade e você está quase a morrer”

A arvore aquietou-se e parou de tremer.

“Uma tempestade? Esse é o seu problema?”

“Sim”

“Uma tempestade não é nada, eu com minhas longas raízes fortes e bem implantadas no chão nada tenho a temer de uma tempestade.”

“Mas eu tenho, e é por isso que devo continuar em busca de uma casa nova, até logo”

“Não vá” Gritou a árvore. Seus galhos estavam agitados e vibravam num ritmo impar e sonífero.

“Eu preciso de você, se você não me ajudar eu morrerei.”

“Não tenho tempo para isso senhora árvore.” respondeu rapidamente pronto a sair batendo asas, mas deu um suspiro, pensou ao ver a triste vibração que vinha da arvore e batia em seu coração e resolveu arriscar ajudar a árvore. Pensou de que mal faria ajudar uma árvore prestes a morrer.

“Diga, o que queres que eu faça?”

Mesmo a árvore não podendo sorrir com seu corpo rígido o passarinho pode sentir a alegria da arvore.

“Meu problema é esses insetos. Eles estão a me devorar viva. Para mim uma tempestade não é nada comparada a esses insetos, se você pudesse se livrar deles eu lhe faria uma ótima moradia”

O passarinho não podia acreditar, uma alegria invadiu seu pequeno corpo, aceitou de imediato.

Dali em diante ele teve muito o que comer, já que os insetos eram seu prato predileto. A árvore mostrou um pequeno buraco que os insetos haviam feito na parte superior de seu galho mais grosso, onde o passarinho passou a morar.

Os dois, juntos, arvore e passarinho, passaram a viver num lugar maravilhoso. A arvore não morreu pois o passarinho curou-a de sua infestação de insetos. Seus galhos viraram fortes e suas folhas verdes brilhantes eram vistas de toda a parte abaixo da colina. O passarinho construiu sua casa no alto da arvore, no buraco precisamente de seu tamanho com a abertura para o lago. E toda a manhãs, até mesmo após uma enorme tempestade, o passarinho poderia ver o lindo raiar do sol refletido na cristalina água da lagoa. Era nessas horas que o passarinho pensava que havia feito uma ótima escolha em ajudar a senhora arvore, agora sua amiga leal.


>>Fim<<

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